No começo do ano nos colocamos diante de uma vasta possibilidade de ações, de novas experiências. Somos inspirados, de certa forma, para a revisão de vida e o recomeço da caminhada. Para nós jovens, ano novo significa o sonho de começar os estudos, a inserção no mercado de trabalho, o primeiro emprego, a possibilidade de um novo relacionamento amoroso, são sonhos e projetos que brotam abundantemente na cabeça e no coração da juventude.
E quando pensamos nessas coisas vem à mente uma palavra muito conceituada atualmente, e pode provocar reações inesperadas – competição! Isso mesmo, se há um vocábulo do qual o mundo faz uso contínuo e que rege os relacionamentos pessoais e sociais, essa palavra é competição. E como todo substantivo, este também pode ser causa de grandes mal entendidos. Se por um lado uma sadia competição pode melhorar a pessoa, fazê-la superar seus limites e potencializar suas capacidades, uma competição que prima pela busca incessante do poder ou do domínio sobre o outro pode ser causa de grandes misérias humanas.
Especialmente no caso de nós jovens – ainda “imaturos” no que se refere aos valores fundamentais da vida – um espírito competitivo mal direcionado pode ser razão de outro grande mal do século, a exacerbação do individualismo. E não há pecado mais grave e mais destruidor do que a praga do espírito individualista. Dele nascem todas as enfermidades que destroem o coração dos jovens!
Aqui há de se fazer uma ressalva: falamos do mal do individualismo e não da riqueza da individualidade. Essa última sempre foi respeitada e ensinada pela tradição bíblica e eclesial. Somos feitos únicos, exclusivos, amados por Deus do jeito que somos. Cada um é somente ele mesmo! Somos indivíduos, reconhecidos em nossas características pessoais. Deus nunca pensa, nem pensará, em fazer seres humanos idênticos, em série, com os mesmos pensamentos e sentimentos.
Obviamente, sendo indivíduos, somos chamados a formar comunidade/sociedade, reconhecendo que na minha individualidade eu não consigo realizar todo o meu potencial. É o conjunto de indivíduos, com suas particularidades, que formam a sociedade. Quando a sociedade vai mal – e como vai mal ultimamente! – é porque os indivíduos não estão se unindo para se ajudarem mutuamente, mas se juntam somente para satisfazer as próprias necessidades. É aqui que entra o individualismo.
O individualismo vive no grupo, mas só pensa nele. Sente-se o centro do universo, o umbigo do mundo e não quer nem saber se o outro está bem ou mal, o que ele quer é estar melhor do que todo mundo, seguro no seu mundinho construído em detrimento do fracasso e dor do seu próximo. O individualista acredita que pode viver muito bem isolado, e só procura o outro para satisfazer suas necessidades – afetivas, sexuais, psíquicas, materiais e culturais. O outro, para o individualista, é o não-ser, aquele que existe somente para ajudá-lo a realizar seus sonhos e projetos. A vida do outro não lhe interessa, contanto que esteja satisfeito no seu modo de viver! O individualista é o epicentro do egoísmo!
Concluímos que é preciso cuidar para não ser seduzido pelos falsos atrativos do individualismo. É preciso aprender a lição do trabalho feito em equipe, da partilha das conquistas, da divisão das tarefas e dos resultados. Enfim, superando a linguagem de um mundo egoísta, reencontrar a Palavra de Deus, o amor pelo próximo e a lição de humildade. Isso é ser cristão. Você, jovem, aceita o desafio de seguir o Cristo? Ou prefere acompanhar o mundo, que nos leva sabe lá para qual destino?