INDIVIDUALIDADE OU INDIVIDUALISMO

em sábado, 15 de setembro de 2012
No começo do ano nos colocamos diante de uma vasta possibilidade de ações, de novas experiências. Somos inspirados, de certa forma, para a revisão de vida e o recomeço da caminhada. Para nós jovens, ano novo significa o sonho de começar os estudos, a inserção no mercado de trabalho, o primeiro emprego, a possibilidade de um novo relacionamento amoroso, são sonhos e projetos que brotam abundantemente na cabeça e no coração da juventude.

E quando pensamos nessas coisas vem à mente uma palavra muito conceituada atualmente, e pode provocar reações inesperadas – competição! Isso mesmo, se há um vocábulo do qual o mundo faz uso contínuo e que rege os relacionamentos pessoais e sociais, essa palavra é competição. E como todo substantivo, este também pode ser causa de grandes mal entendidos. Se por um lado uma sadia competição pode melhorar a pessoa, fazê-la superar seus limites e potencializar suas capacidades, uma competição que prima pela busca incessante do poder ou do domínio sobre o outro pode ser causa de grandes misérias humanas.
Especialmente no caso de nós jovens – ainda “imaturos” no que se refere aos valores fundamentais da vida – um espírito competitivo mal direcionado pode ser razão de outro grande mal do século, a exacerbação do individualismo. E não há pecado mais grave e mais destruidor do que a praga do espírito individualista. Dele nascem todas as enfermidades que destroem o coração dos jovens!
Aqui há de se fazer uma ressalva: falamos do mal do individualismo e não da riqueza da individualidade. Essa última sempre foi respeitada e ensinada pela tradição bíblica e eclesial. Somos feitos únicos, exclusivos, amados por Deus do jeito que somos. Cada um é somente ele mesmo! Somos indivíduos, reconhecidos em nossas características pessoais. Deus nunca pensa, nem pensará, em fazer seres humanos idênticos, em série, com os mesmos pensamentos e sentimentos.
Obviamente, sendo indivíduos, somos chamados a formar comunidade/sociedade, reconhecendo que na minha individualidade eu não consigo realizar todo o meu potencial. É o conjunto de indivíduos, com suas particularidades, que formam a sociedade. Quando a sociedade vai mal – e como vai mal ultimamente! – é porque os indivíduos não estão se unindo para se ajudarem mutuamente, mas se juntam somente para satisfazer as próprias necessidades. É aqui que entra o individualismo.
O individualismo vive no grupo, mas só pensa nele. Sente-se o centro do universo, o umbigo do mundo e não quer nem saber se o outro está bem ou mal, o que ele quer é estar melhor do que todo mundo, seguro no seu mundinho construído em detrimento do fracasso e dor do seu próximo. O individualista acredita que pode viver muito bem isolado, e só procura o outro para satisfazer suas necessidades – afetivas, sexuais, psíquicas, materiais e culturais. O outro, para o individualista, é o não-ser, aquele que existe somente para ajudá-lo a realizar seus sonhos e projetos. A vida do outro não lhe interessa, contanto que esteja satisfeito no seu modo de viver! O individualista é o epicentro do egoísmo!
Concluímos que é preciso cuidar para não ser seduzido pelos falsos atrativos do individualismo. É preciso aprender a lição do trabalho feito em equipe, da partilha das conquistas, da divisão das tarefas e dos resultados. Enfim, superando a linguagem de um mundo egoísta, reencontrar a Palavra de Deus, o amor pelo próximo e a lição de humildade. Isso é ser cristão. Você, jovem, aceita o desafio de seguir o Cristo? Ou prefere acompanhar o mundo, que nos leva sabe lá para qual destino?